quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Os Ladrões de Cisne...

LENDO:


"Fora da aldeia, há um círculo de proteção em torno do local da fogueira, escurecendo a neve que derrete. Junto ao círculo, está há meses uma cesta que o tempo começa a manchar de cinza. Há bancos nos quais os velhos se reúnem para aquecer as mãos — está muito frio até para isso, muito perto de anoitecer, muito sombrio. Aqui não é Paris. Há cheiro de fumaça e céu noturno no ar; um âmbar desanimado afunda para lá do bosque, quase um pôr do sol. Escurece tão depressa, que alguém já acendeu um lampião na janela da casa mais próxima à fogueira abandonada. É janeiro ou fevereiro, ou talvez um março rigoroso de 1895 — o ano será marcado em toscos números negros nas sombras em um canto."

Pequena Abelha...



DA PRIMAVERA DE 2007 até o final daquele longo verão em que Pequena Abelha veio morar conosco, meu filho só tirou a fantasia de Batman na hora do banho. Encomendei uma fantasia idêntica que eu trocava pela suja enquanto ele brincava na espuma de sabão, de modo que pelo menos eu pudesse tirar o cheiro de suor e as manchas de grama e terra da primeira. Era um serviço sujo, ele ajoelhado no mato, lutando contra grandes criminosos. Se não era o Senhor Frio com seu covarde raio de gelo, era o Pinguim — o inimigo mortal do Batman — ou o Puffin, mais sinistro ainda, cuja perversidade absoluta os criadores originais da franquia Batman inexplicavelmente deixaram de registrar. Meu filho e eu vivíamos com as consequências — uma casa cheia de acólitos, asseclas e comparsas, espreitando-nos de trás do sofá, dando gargalhadas sombrias no vão estreito ao lado da estante e em geral surgindo de supetão no meio de nós, sem mais nem menos. Era um susto depois do outro, na verdade. Aos quatro anos, dormindo ou acordado, meu filho vivia em constante prontidão. Não havia possibilidade de se tirar dele a diabólica máscara de morcego, a roupa de lycra, o cinto de utilidades amarelo e brilhante e a capa negra como piche. E não adiantava chamar meu filho por seu nome de batismo. Ele se limitava a olhar para trás, inclinar a cabeça para o lado e dar de ombros — como se dissesse: “Meus bat-sentidos não detectaram a presença de nenhum menino com esse nome aqui, madame.” O único nome pelo qual meu filho atendia naquele verão era “Batman”. Também não adiantava lhe explicar que seu pai tinha morrido. Meu filho não acreditava na possibilidade física da morte. A morte era algo que só poderia ocorrer se os planos diabólicos Chris Cleave da turma do mal não fossem constantemente frustrados — e isso, é claro, era impensável.
Naquele verão — o verão em que meu marido morreu — todos tínhamos identidades que relutávamos em abandonar. Meu filho tinha sua fantasia de Batman, eu ainda usava o sobrenome de meu marido e Pequena Abelha, a nossa Abelhinha, apesar de estar relativamente em segurança conosco, ainda se agarrava ao nome que adotara numa época de terror. 
Éramos exilados da realidade, naquele verão. Éramos refugiados de nós mesmos.
Fugir da crueldade é a coisa mais natural do mundo, claro. E as circunstâncias que nos reuniram naquele verão foram extremamente cruéis. Abelhinha nos telefonou na manhã em que a soltaram do centro de detenção. Meu marido atendeu a ligação. Eu só soube muito mais tarde que tinha sido ela — Andrew nunca me contou. Aparentemente, ela lhe avisou que estava vindo, mas imagino que ele não estivesse preparado para vê-la outra  vez. Cinco dias depois, se enforcou. Encontraram meu marido com os pés no ar, no vazio, sem tocar o solo de país nenhum. A morte, claro, é um refúgio. É para onde você vai quando um nome novo ou uma máscara e uma capa não conseguem mais escondê-lo de si mesmo. É para onde você corre quando nenhum dos principados da sua consciência lhe concede asilo.

{Trecho do Livro: Pequena Abelha - Chris Cleave}

Sinopse: Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa… Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como essa narrativa se desenrola. 

Opinião: Reflexão!!! O livro nos faz pensar sobre nossos atos ou a falta deles e as consequências terríveis que isso pode nos trazer... Apesar de todo alarde no lançamento não espere grandes revelações no final do livro... É um bom livro...


Título Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave
ISBN 9788598078939
Páginas: 272
Edição: 1
Tipo de capa: BROCHURA
Editora: Intrinseca
Ano: 2010
Assunto: Literatura Estrangeira-Romances
Idioma: Português

Inicio: 02/11/11
Término: 23/11/11

sábado, 12 de novembro de 2011

Conhecimento...


Achei perfeito!!!
Peguei daqui!

sábado, 5 de novembro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pequena Abelha...


“Foi horrível para mim não ajudar o homem, mas eu estava dividida, oscilando entre dois tipos de vergonha. Por um lado, a vergonha de não cumprir uma obrigação humana. Por outro, a loucura de ser a primeira de uma multidão a ousar um gesto.”

Sarah, personagem de Chris Cleave
in Pequena Abelha